A Caravana de Direitos Humanos foi palco de um trabalho em rede entre diversos órgãos estaduais e municipais, nas últimas terça e quarta-feira (19 e 20), e quem saiu ganhando foi a população de Bonito, com cerca de 700 pessoas contempladas em mais de 1000 atendimentos. Homens, mulheres, pessoas idosas, pessoas com deficiência, jovens e adultos estiveram entre o público que passou pelo Colégio Estadual de Tempo Integral do município, nos últimos dois dias.
A Caravana foi uma oportunidade ímpar para Daiene dos Santos Souza (30), agente comunitária de saúde e agricultora familiar, resolver um conjunto de demandas. “A Caravana de Direitos Humanos aqui no Bonito foi muito importante, porque está garantindo os direitos de muitos cidadãos que não tem a oportunidade de chegar até eles e não tem a informação”. Daiene, que também é uma mãe atípica, acessou uma série de serviços durante a Caravana. Consultou um processo no Tribunal de Justiça, tirou a Carteira de Identidade, o Passe Livre e a CIPTEA para um dos seus filhos e, também, recebeu atendimento no Procon.
A Caravana em Bonito contou com uma grande força tarefa entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia que, por meio da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos, mobilizou uma série de parceiros para atuar no mutirão; e a Prefeitura de Bonito que, através das Secretarias de Assistência e de Saúde, disponibilizou um conjunto de serviços para atender a população.
A psicóloga Helen Oliveira, técnica de referência do CRAS de Bonito, ressaltou a importância do trabalho em rede e os aprendizados de trabalhar na Caravana, lado a lado com a Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiência (SUDEF). “Foram dois dias bem corridos, mas que deixaram muitos ganhos. Nós tínhamos algumas dúvidas sobre a emissão do Passe Livre Intermunicipal e não vínhamos efetivamente trabalhando com CIPTEA. Então, com a Caravana, a gente pôde trocar conhecimentos que só vão contribuir para a efetivação de direitos da população de Bonito. Sem dúvida, uma parceria que fortaleceu muito nosso trabalho aqui no território”, relatou. Nos dois dias em Bonito, a Caravana emitiu 62 carteiras de Passe Livre Intermunicipal e 39 carteirinhas do CIPTEA (Identificação de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista).
Ações Formativas
Ações formativas foram um ponto chave da Caravana em Bonito. Mais de 150 estudantes participaram ativamente de debates sobre Trabalho Decente, Combate ao Racismo, Diversidade Sexual e de Gênero, entre outros. Na terça-feira (19) os debates ocorreram em torno do filme baiano “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges, exibido no Teatro do Colégio. À tarde ocorreu uma roda de conversa com profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) sobre Combate ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Análogo à Escravidão.
Para a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), Hildete Emanuele, “a importância das ações formativas na Caravana é muito no aspecto da prevenção. Quando as pessoas se informam sobre determinados temas, elas ficam mais fortalecidas para não caírem em golpes que podem torná-las vítimas do tráfico de pessoas e do trabalho análogo à escravidão”. Dados do NETP, acusam uma quantidade significativa de pessoas resgatadas em contextos de trabalho escravo em outras regiões do Brasil, oriundas do município de Bonito.
A Caravana de Direitos Humanos segue em itinerância pelo território da Chapada Diamantina com ações em Seabra, nesta sexta-feira (22) e no sábado (23), e em Palmeiras nas próximas segunda e terça-feira (25 e 26). Em Setembro, a Caravana fará ações em Salvador, Santo Antônio de Jesus e Irecê. Em 2025, a Caravana de Direitos Humanos esteve em 16 municípios, com mais de 18 mil atendimentos para cerca de 11 mil pessoas. Participaram da Caravana de Bonito a Secretaria de Segurança Pública (SSP), com o Instituto Pedro Mello; a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR/BahiaTer); a Secretaria de Relações Institucionais (SERIN/COJUVE); a Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE/SINEBAHIA); o Tribunal de Justiça e a Embasa.
Fonte: Ascom/SJDH